Em maio de 2016 realizamos pela primeira vez o curso Poesias Visuais Urbanas. Sessenta horas em apenas três semanas. Na linda Recife. Intenso, emocionante, gratificante.
Primeira semana: Experimentações Urbanas. O objetivo desse módulo foi abrir o olhar sobre a urbe, redescobrir Recife, experimentar e explorar o espaço urbano, seus elementos e sua dinâmica; saciar a ansiedade dos participantes em atuar na rua; e por fim apresentar um panorama de arte urbana além do grafite, stencil e do lambe-lambe.
De dentro para fora em três propostas:
O próprio corpo no espaço; micro-intervenções individuais e uma intervenção coletiva.
No IAC (Instituto de Arte Contemporânea), na rua e na cidade.
Para encerramento deste módulo realizamos coletivamente a intervenção urbana Memórias de uma Janela. O grupo escolheu o local para intervenção: largo Santa Cruz e cada um contou sua memória pessoal através de uma janela/espelho. A experiência foi riquíssima e inspiradora, com um imenso envolvimento de todos.
Segunda semana: Narrativas Urbanas. Uma turma mais sensível, mais íntima, mais confiante entre eles e entre nós. Cenário ideal para este módulo, onde propomos trabalhar conteúdos mais pessoais: rotina, cotidianos, trajetos diários e poéticas individuais. Duas propostas:
Mapa do trajeto casa | IAC. O participante como investigador do seu próprio trajeto e de sua rotina. Um mapa desenhado, alimentado, preenchido e discutido diariamente durante a semana.
Narrativa visual e poética. Cada um foi convidado a construir uma narrativa visual a partir do seu trajeto diário e de sua relação pessoal com aquele singular espaço urbano.
Todos olharam com estranhamento, medo e insegurança, mas aos poucos e com ajuda de todos, a poesia veio a tona com estéticas próprias, autorais e profundas.
Para o fechamento desse módulo montamos uma exposição no IAC com os mapas e as narrativas. E cada um explanou sobre o projeto, suas dificuldades, processo, expectativas e resultados. A potência da voz de cada um, o acolhimento e a importância que o grupo deu a cada história e trabalho emocionaram a todos.
Terceira e última semana: Intervenções Urbanas. Experimentações com a rua + poética pessoal, o público + privado, o urbano + humano.
A proposta: elaboração de uma intervenção poética visual e urbana. Os participantes deveriam escolher um lugar comum para a realização das intervenções. E o local eleito não poderia ser melhor: Pátio São Pedro, patrimônio histórico, no coração de Recife, pólo cultural um tanto abandonado, com edifícios fechados, incluindo a sede do CFAV (Centro de Formação em Artes Visuais), responsável pelo edital para o qual inscrevemos esse curso.
Todos se desdobraram para darem cabo aos seus projeto. Juntos lidaram com tempo, o desconhecido, as negociações com espaço e consigo mesmo, as mudanças de planos e o medo de atuar na cidade. Compreenderam que a cidade é viva e os pertence e que há muito daquele espaço em cada um deles.
Foi um sábado iluminado com o Pátio São Pedro tomado de poesia.
Os participantes desbravaram a cidade, vencendo juntos o medo e o receio de fazer algo novo em um local público. Foi muito rico encerrar o curso passeando por uma Recife tão especial e encontrar as intervenções realizadas e apresentadas com orgulho por cada um. Concluímos que a experiência foi profunda em cada de um de nós (orientadoras e alunos), deixando todos cheios de novas ideias e vontades de atuar poeticamente na cidade e pela cidade.
Obrigada ao CFAV pela oportunidade, ao IAC Benfica pelo espaço e acolhimento.
Obrigada a Fernanda Simionato por toda disponibilidade, paciência e carinho.
Obrigada aos participantes pela confiança, envolvimento e tamanha poesia.
Obrigada linda Recife.
Já estamos com saudades.