Em comemoração aos 3 anos da nossa primeira intervenção urbana Eu, passarinho o Desejos Urbanos realizou 6 revoadas, sendo a última uma revoada com direito a pintura coletiva de pássaros. Entre os dias 21 e 27 de setembro de 2015, passarinhos foram colocados na: Praça do Ciclista; Mirante 9 de julho, Parque Trianon e vão do MASP; viadutos do Chá e Santa Efigênia; Praça Roosevelt; viaduto Beneficência Portuguesa e arredores do Centro Cultural Vergueiro e Viaduto Dr. Arnaldo.
A seguir fotos, depoimentos de participantes e nossos relatos dessa experiência:
“Na segunda-feira (21/09) me mudei de Mauá para uma temporada (até dezembro) em uma residência na rua Santa Ifigênia. Hoje (23/09), pela manhã, eu tinha um compromisso que, obrigatoriamente me fez passar pelo Viaduto do Chá.
Me assustei e encantei com tantos pássaros!
Barulho, poluição, correria, não abafavam o canto silencioso de cada passarinho que me mirava. Não sabia se podia levar um para mim ou se seria egoísta não deixar que outros também sentissem algo. Quando voltei do compromisso, alguns ainda estavam lá.
Os pássaros de São Paulo se foram. Passarinhos que voam, cantam, brincam, arvoreiam e não têm gaiolas, não saem do meu coração. Sou mais passarinho que imaginava!
Voando do viaduto do chá até meu quarto, um bem-ti-vi resolveu morar no cantinho esquerdo superior do meu guarda-roupa antigo. Um outro passarinho vermelho e de olhos fechados está na cabeceira de minha cama cantando que “sonhos não envelhecem”.”
Willian Lourenço, pedestre que se deparou com a intervenção
“No meu facebook pousou um passarinho, mas não era um passarinho qualquer, era sensível, belo e amoroso, trazia leveza ao viaduto de aço com o seu fundo eternamente cheio de concreto.
Conquistou-me porque era feito de papelão reciclado, mas cheio de humanidade, pintado com tintas e nuances simples, de modo que eu quase conseguia sentir a pessoa por trás dele, com suas histórias e desejos a voar.
Enquanto ainda divagava sobre os assuntos daquele bichinho, recebi um convite para participar de um evento que ia acontecer numa praça qualquer, em algum ponto de SP, para fazer e pintar aqueles passarinhos de papelão que tanto me renderam coisas para pensar. Era uma ação coletiva – A derradeira revoada de passarinhos do Desejos Urbanos!
Fui ao evento com entusiasmo, conheci pessoas maravilhosas e com muitos sonhos a compartillhar! Os passarinhos feitos daquele papelão jogado nas ruas e desprezado por muitos, ganharam vida e cores na medida que iam sendo pintados por nós. Fomos conversando e trocando idéias, até que, num piscar de olhos, havíamos feito uma porção deles!
Os passarinhos simples, porém, habitados com a graça da vida, foram sendo fixados aqui e acolá, espalhando desejos, derramando sonhos e contando histórias, assim aconteceu a última revoada do projeto no viaduto Dr. Arnaldo e suas proximidades, onde os vários Eu, passarinho ficaram a observar os olhares curiosos de passos apressados e as frutas da feira que acontecia logo alí.
Participando dessa iniciativa, pude perceber a importância das interferências urbanas feitas por artistas preocupados com a sua cidade e suas pessoas, numa necessidade urgente de despertar na consciência tão urbana, a idéia de conviver com a urbanidade, sim, mas sem esquecer da natureza que nos cerca com toda a sua sustentabilidade, porque as pessoas inseridas nessa pressa, no cinza e na ausência de sonhos, que mergulham e se afogam no corre-corre da paulicéia desvairada, merecem mais vida e humanidade.
Sou adepta de que o menos será sempre mais, assim, termino este meu depoimento, parabenizando o Desejos Urbanos, pelas iniciativas simples, belas e singelas, que chamaram, verdadeiramente, a minha atenção.
O projeto, Eu, passarinho foi apenas a porta de entrada para os vários movimentos dessas belas mulheres que não param e são cheias de histórias e sonhos para contar. Eu me aventurei e experimentei ter Desejos Urbanos, mergulhei nessas idéias e descobri que poderia ser muito, muito mais! – Obrigada, Priscilla e Eliza!”
Eliana, participante da revoada coletiva.
“Falar sobre essa revoada é falar de reencontros.
Reencontro com o nascimento de um projeto artístico, profissional e pessoal. Foi com a intervenção Eu, passarinho que nasceu o Desejos Urbanos.
Reencontro com moldes engavetados, tintas esquecidas, caixas de papel desmontadas guardadas em um canto qualquer de casa.
Reencontro com lugares da cidade tão presentes na minha memória e tão distantes do meu dia a dia, como o Parque Trianon ou Centro Cultural São Paulo, na Vergueiro. Lugares incríveis de respiro em meio ao caos urbano.Falar sobre essa revoada também é falar de descobertas.
Descoberta de novos amigos e parceiros que toparam participar dessa intervenção, fotografando, escrevendo e dando vida a passarinhos de papelão.
Descoberta de novos sorrisos surpresos ao avistar um passarinho tão pequenino, tão colorido e tão estranho àquele habitat.
Descoberta de que para cada lugar visitado há um modo peculiar de se mover, de ditar o ritmo do andar, de olhar o espaço urbano, de passar ou viver a cidade.
Descoberta de novos escritos, pequenos desenhos e poemas perdidos em meio ao cinza da cidade.Escritos que fizemos questão de pontuar com um, dois ou três pequenos pássaros.
Desenhos que só um olhar muito perdido ou muito atento é capaz de captar.
Poemas que me encheram de ideias e desejos de fazer.Falar sobre essa revoada é também se abrir para um novo estado de percepção do espaço coletivo e das relações de troca que este proporciona.
É deixar brotar novos projetos semeados entre tantos reencontros e descobertas.
Assim, o passarinho sai a voar nem sei muito bem para onde e o ciclo da criação recomeça.”Priscilla Ballarin, integrante do Desejos Urbanos.
“Quando resolvemos comemorar os 3 anos do “Eu, passarinho” refazendo a intervenção em novos locais não imaginei que vivenciaria tantas coisas novas! Afinal, já tinha colocado passarinhos várias vezes e achava que seria uma delícia, que novas histórias aconteceriam mas não esperava que desta experiência pudesse re-conhecer espaços de uma maneira estética.
Cada passarinho que coloquei foi como se pintasse uma tela, enquadrasse uma fotografia.
Observava o espaço, cores, formas, texturas, ângulos, planos, fluxos de pessoas, carros e bicicletas, sempre atenta a todo detalhe, todo elemento.
Escolhi cada passarinho, seu tamanho, cor, lugar onde pousaria, experimentando os contrastes, as novas composições que se formavam e se modificavam a cada passo dos pedestres. Me surpreendi com pessoas mudando suas rotas, retornando para olha-los com mais calma ou em novos ângulos…
Assim…
me apaixonei pela a beleza das curvas do guarda-corpo do viaduto Santa Efigênia!
me espantei com a intensidade dos verdes das copas das árvores na altura do viaduto Beneficência Portuguesa!
me confundi o grafismo dos prédios ao fundo do Mirante 9 de Julho!
me encontrei na aridez rosada da Praça Roosevelt!
me comovi com a cidade que alimenta incansável a minha fome por descobertas…”Eliza Freire, integrante do Desejos Urbanos.
adorei a intervenção com passarinhos! gostaria de numa próxima ser colaboradora, participar.
Olá Monica
tudo bem?
siga-nos aqui e no facebook que sempre divulgamos as intervenções colaborativas 🙂
um grande abraço
Sou professora do fundamental 1 em Osasco e adoraria fazer uma oficina. Por favor me avisem! Vi os pássaros na rampa do Sesc 24 de maio e amei.